terça-feira, março 31, 2009

Automóvel: Formação torna empresas mais qualificadas no pós-crise

O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou que o Plano de Apoio ao Sector Automóvel(PASA), cujo modelo pode ser alargado a outros sectores, "permitirá ter empresas mais competitivas quando a crise passar, ao apostar na qualificação.

Falando durante uma visita ao centro de formação da CACIA, unidade do grupo Renault, José Sócrates considerou que "a decisão(da multinacional) de manter o emprego e apostar na qualificação dos seus colaboradores foi inteligente e corajosa".

"É assim que se enfrentam os problemas, olhando a crise como oportunidade para nos tornarmos melhores", comentou, realçando que o PASA, de que a Renault foi a primeira a aderir, "visa criar condições para tomar essas decisões e, quando a crise passar, e há-de passar, teremos empresas mais competitivas".

Realçando que Portugal foi o primeiro país da Europa a desenhar um programa de apoio ao sector automóvel, o primeiro-ministro enalteceu também "o diálogo social" que permitiu à Renault aderir ao programa, para a qual foi "tão importante a adesão dos trabalhadores".

"Quero-vos dizer que estamos convosco a defender os postos de trabalho. Este é o momento em que o país precisa do Estado e a aposta do investimento público no saber e na qualificação é decisiva", disse.

O PASA foi apresentado pelo governo em Dezembro e contempla quatro eixos estratégicos: o estímulo ao emprego e à qualificação, o apoio às insuficiências financeiras, o ajustamento ao perfil industrial e tecnológico do sector e o incentivo selectivo à procura.

O apoio ao sector automóvel, através da medida de qualificação e emprego do PASA, traduz-se na inserção de trabalhadores em acções de formação, nos casos de redução temporária do período de laboração ou suspensão dos contratos, mediante o compromisso das empresas beneficiárias não fazerem despedimentos até 2010.

O período de candidaturas estende-se até 01 de Junho e, de acordo com o último ponto de situação, realizado no dia 11 de Março com as associações do sector, estavam já envolvidos no programa mais de 3.300 trabalhadores, estimando-se que possam vir a ser abrangidos até 10 mil trabalhadores.

Segundo dados divulgados pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP) a venda de carros novos registou uma diminuição de 42,6 por cento em Portugal e uma média de 18,3 por cento na Europa.

A quebra nas vendas de automóveis tem levado construtores e fornecedores a rever os planos de produção e desde Outubro que a fábrica de Cacia, do grupo Renault, tem optado por suspensões temporárias da laboração para não acumular stoks, devido às quebras de produção a montante, já que aquela unidade fornece componentes como caixas de velocidade a fábricas do grupo Renault noutros países.

A Companhia Aveirense de Componentes para a Indústria Automóvel (CACIA), designação daquela unidade do grupo Renault, tem actualmente cerca de 1100 trabalhadores, abrangendo cerca de 700 a formação, sendo a segunda maior unidade do sector automóvel em Portugal, logo a seguir à Auto-Europa.